Motivados pelos vários relatos que pipocam nos mais diversos
blogs, escolhemos Bogotá como destino para uma curta temporada de 4 dias, que
deveria ter ocorrido em outubro mas, por problemas operacionais (esqueci o
passaporte e não consegui embarcar com a carteira de motorista porque os
colombianos não a reconhecem como documento de identidade oficial), terminou
por acontecer no primeiro final de semana de março de 2013.
A
motivação também tem relação com o nosso desejo de conhecer um pouco mais da
chamada América Espanhola, nos desnudando de preconceitos que muitas vezes nos
levam até destinos mais distantes e à desvalorização de lugares mais próximos e
interessantes, impregnados por uma diversidade decorrente do doloroso processo
de contato do europeu com os povos pré-colombianos, a partir do início do
século XVI.
Chegamos
em Bogotá por volta do meio-dia de uma quinta-feira (horário local, 2h de fuso
horário a menos) pela Avianca. Avião novo, vôo tranquilo, bom serviço de bordo.
O desembarque foi no novíssimo aeroporto internacional El Dorado e os
procedimentos de imigração dentro da normalidade. Passando por uma casa de
câmbio, constatamos ter cometido um erro elementar: compramos moeda no
aeroporto de Guarulhos pagando 650 pesos colombianos por Real, enquanto aqui
estava cotado a 900 pesos (nunca devemos esquecer que vivemos no país onde
impera a Lei de Gerson). O trajeto até o hotel GHL Hamilton
fizemos de táxi, que cobrou 25 mil pesos (estranho como Chile e Colômbia, mesmo
após domarem a inflação, insistem em não cortar zeros das suas moedas).
O
hotel foi uma escolha acertadíssima (graças a recomendação de um dos posts do
blog Viaje na Viagem, de Ricardo
Freire): o GHL Hamilton Court é moderno, clean, com apartamentos tipo suíte e
café da manhã satisfatório (reserva feita, como sempre, pelo booking.com e diária média de R$ 300,00). O melhor, contudo, é a
localização, incrustrado no coração da badalada Zona Rosa, a poucos metros da
Zona T, onde as noites fervem na capital colombiana. Uma observação que vale
para o hotel e para todos os bares e restaurantes que frequentamos: o
atendimento é nota 10.
Embora
o propósito deste post seja destacar a fantástica nightlife de Bogotá, uma vez que outros aspectos do destino já
foram fartamente tratados em blogs diversos, vale mencionar o roteiro
convencional que todos devem fazer: subir de teleférico a Monserrate (3.200m de
altitude) de onde se tem uma vista panorâmica da cidade e dois charmosíssimos
restaurantes; bater perna pelo Centro Histórico, com visitas aos museus Del Oro
(conta a trajetória da civilização colombiana através de milhares de peças de
ouro e de cerâmica); o Botero (as obras do próprio Fernando Botero e seu rico
acervo não podem deixar de ser vistos) e ao belo conjunto arquitetônico do
Centro Cultural Gabriel Garcia Márquez (na fresca varanda do modernoso
restaurante El Corral tomamos um tinto e petiscamos, e em seguida tomamos um
café no Juan Valdez, o equivalente do Starbucks da cidade).
Também
vale destacar, do ponto de vista geral, a organização da capital colombiana,
principalmente no que diz respeito à segurança, item que por muito tempo
afastou turistas daquela cidade. Bogotá hoje é uma cidade segura, com ar
cosmopolita, atmosfera moderna e com uma politica de turismo bem executada ao
ponto de posicionar o país como a novidade da América Latina.
Permitam-me
abrir parênteses para falar sobre uma inusitada "atração" da cidade:
seus minúsculos taxis amarelos (modelos ultracompactos, principalmente da Hyundai).
Em meio a um trânsito mais caótico do que aqueles que estamos acostumados (a
cidade não tem metrô e o transporte do tipo BRT já não dá conta da demanda), os
taxistas levam você a uma emocionante aventura. Eles "costuram" e
buzinam ensandecidamente, fazendo você se sentir em uma tomada cinematográfica.
Quem não estiver apto a viver fortes emoções, melhor evitar os taxis e, por via
de consequência, a cidade. Aqueles que, como eu, curtem alugar carro, em
Bogotá, nem pensar!
Mas
vamos ao que interessa, a famosa noite da cidade. A ferverção acontece na Zona
Rosa e já na quinta-feira a movimentação era grande, embora os ambientes
estivessem mais comportados. Na sexta-feira é quando o agito começa. Quando saímos
do hotel, por volta das 21h, as ruas já estavam cheias e os bares começando a
lotar. Escolhemos aleatoriamente o Colômbia Pub, que não cobra entrada, logo
conseguimos uma mesa e uma hora depois todos estavam dançando ao som de um VJ
que tocava 90% de música colombiana. Comprovamos depois que essa é a tradição:
eles até tocam hits internacionais, mas apenas um aqui, outro acolá, ou seja,
os colombianos curtem mesmo os seus ritmos musicais (uma mistura de
influências africanas, nativas e espanholas).
Quando
saímos do pub, quase em frente encontramos uma casa cubana com música ao vivo
(cubana, naturalmente) e ali ficamos, depois de pagar 10 mil pesos para entrar.
O agito era total e, entre um mojito e outro, ficamos até a noite acabar (3h da
manhã em ponto, todos os estabelecimentos encerram suas atividades, sinal de
modernidade que, esperamos, um dia chegue ao Brasil).
Propositalmente
deixamos a noite do sábado para o badaladíssimo Andrés DC, que também fica na
Zona Rosa, a casa noturna do celebrado Andrés Carne de Rés. São 4 pisos
tematicamente decorados: o Inferno, a Terra, o Purgatório e o Céu, tão
originais que é muito difícil descrever. Centenas de pessoas ocupam as mesas e
todos os espaços, sobretudo nas noites de sábado, em meio à correria dos jovens
garçons a transportar pedidos do cardápio, que é uma atração à parte: são dezenas
de drinks e outra centena de petiscos, o que torna o cardápio em formato de
revista uma atração da casa.
No
Andrés DC a música é eletrônica e, como disse, predominantemente colombiana,
dançante, contagiante. Quando chegamos, por volta das 23h, a muvuca já estava
instalada e somente no ambiente Terra conseguimos um pedaço de balção para nos
instalar. O Inferno era o mais animado, mas no fim da noite a alegria estava
concentrada no Céu. Varandas a céu aberto acolhem os fumantes que precisam
vencer o frio para alimentar seu vício. O público tem larga faixa etária, creio
que entre 25 e 55 tem-se a melhor amostra. Enfim, um lugar indescritível,
daqueles que só indo, e voltando outras vezes. A decoração é uma mistura de
cores e influências as mais diversas e original até nos banheiros da casa.
Como
nem tudo é perfeito, e apesar da máxima "quem converte não se
diverte", chama atenção em Bogotá os elevados preços praticados por bares
e restaurantes. Uma cerveja custa em média 10 mil pesos (R$ 12,50), um drink 20
mil pesos (R$ 25,00) e assim por diante. No Andrés DC, os preços são mais altos
ainda.
No
domingo, caminhamos do hotel até o Parque de La 93, outra badalada área de
concentração de bares e restaurantes, e de lá seguimos de táxi para Usaquén,
bairro charmoso onde acontece uma feira de artesanato, antiguidades e
bugingangas em geral que vale a pena visitar, sobretudo pela possibilidade de
conhecer um pouco mais do comportamento e da cultura dos hermanos colombianos.
No
mais, está confirmado: Bogotá é a novidade da América do Sul e, de quebra,
ainda oferece um clima agradável o ano inteiro, com temperaturas variando entre
10 e 20°C, graças a sua privilegiada localização nos Andes. Da próxima vez,
a intenção é conhecer Medellin e Cartagena, sem abrir mão de voltar a passar ao
menos duas noites na capital da noche
caliente.
by Jorge Santana e Eloisa Galdino