Sou daqueles que apreciam o vinho, sem a pretensão de se tornar especialista, pouco menos um insuportável "enochato". Acredito que os melhores vinhos são aqueles que mais agradam o paladar e, nesse caso, cada um tem o seu.
Como tem sido comum amigos me pedirem sugestões de rótulos, resolvi criar essa despretensiosa lista, que inclui variadas procedências, uvas e preços, por enquanto apenas de tintos. À medida que for lembrando de outros, irei acrescentando. Alguns rótulos são encontrados com diferentes uvas e distintos períodos de envelhecimento (invariavelmente os mais envelhecidos - chamados de reserva e gran reserva - são superiores). Indico com (*) aqueles que oferecem excelente relação custo/benefício.
PAÍS: Espanha
REGIÕES: Rioja, Navarra
RÓTULOS:
- Pata Negra (*)
- Marquês de Arienzo
- Marquês de Riscal
- Cepa 21
PAÍS: Chile
UVAS: Carmenére, Cabernet Sauvignon, Merlot, Syrah
RÓTULOS:
- 35 Sur (*)
- Gran Tarapacá (*)
- Trio
- Palo Alto
- La Célia
- Montes Alpha
- Marquês de Casa Concha
PAÍS: Portugal
REGIÕES: Douro, Alentejo, Ribatejo, Dão
RÓTULOS:
- Monte Velho
- Rapariga da Quinta (*)
- Esporão
- Quinta da Bacalhôa
PAÍS: Argentina
UVAS: Cabernet Sauvignon, Malbec
RÓTULOS:
- Trivento Reserva (*)
- Alta Vista Premium (*)
- Las Perdices
- Septima
- Angélica Zapata
NACIONAIS:
- Miolo Terroir
- Miolo Lote 43
- Salton (Talento e Volpi) (*)
- Casa Valduga Mundvs
DIVERSOS:
- Jacobs Creek (Austrália)
- Robert Mondavi (Califórnia)
- Montes Toscanini (Uruguai)
ONDE COMPRO:
- Fasouto
- www.wine.com.br
Espaço para divulgar minhas ideias, alimentar polêmicas e interagir com quem desejar. Temas prediletos: negócios, tecnologia, economia e política.
sábado, 31 de dezembro de 2011
terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Uma Constituinte para as reformas
Quando vi a forma como a imprensa internacional festejou a ascensão do Brasil ao posto de 6a maior economia do planeta, superando o Reino Unido (a exemplo dessa matéria do MailOnLine), não pude conter o misto de alegria e orgulho e, logo em seguida, parar para algumas reflexões que desejo compartilhar com meus (poucos) diletos leitores.
Em primeiro lugar é preciso reconhecer que o crescimento da economia brasileira vem se dando a partir de contribuições dos últimos governos, a começar da abertura econômica de Collor (ainda que atabalhoada), passando pelas privatizações de FHC (necessárias, porém mal feitas) e culminando com a política econômica diferenciada de Lula, que fez muito mais do que apenas dar continuidade aos fundamentos estabelecidos por FHC, mirando no mercado interno, nas políticas compensatórias, na recuperação do salário mínimo e no consequente crescimento da massa salarial. Tudo isso promoveu a maior mobilidade de classes sociais da nossa história, fazendo vicejar uma nova classe média que se tornou um dos pilares da economia do país.
Ocorre que ainda há muito a fazer para que possamos continuar crescendo com distribuição de renda e redução das ainda abissais desigualdades sociais. Alguns fatores precisam ser atacados com menos timidez do que estão sendo, com destaque para a infraestrutura produtiva, a educação e as reformas. O passivo da infraestrutura, embora gigantesco, para ser pago só depende de decisão política e adequada alocação de recursos públicos. Noves fora equívocos como sediar a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos (vide Copa e Olimpíada: quem vai pagar a conta?), esse dever de casa, mais cedo ou mais tarde, terá que ser feito, incluindo a indispensável adoção dos modais ferroviário e aquaviário na equivocada matriz de transportes do Brasil.
São os capítulos da educação e das reformas que mais preocupam, inclusive pela subordinação do primeiro ao segundo. Inobstante os avanços quantitativos do acesso de largas faixas da população à escola pública, qualitativamente os ganhos são quase insignificantes. Dispensável citar as frustrações dos últimos governos, aí incluo FHC e Lula, que não conseguiram mudar esse cenário. E educação é insumo básico para sustentar o crescimento econômico, logo, se continuarmos patinando nessa área, as projeções de crescimento para as próximas décadas precisarão ser refeitas. Ocorre que não basta alocar mais recursos no orçamento sem que seja aplicada profunda transformação no atual modelo (se é que existe algum) de educação pública, desde a gestão (ou ausência de) até o papel do professor (cujo corporativismo atrasado já foi fartamente diagnosticado como uma das razões desse lamentável cenário). Esse nível de mudança, contudo, irá requerer igualmente alterações em marcos legais e aí, finalmente, chegamos nas reformas.
O Brasil carece, hoje, de várias reformas, sobretudo a política, a tributária e a trabalhista, ou seja, precisa ficar livre de um legado cartorial que produz uma máquina pública perdulária e burocrática; de uma legislação trabalhista senil e absolutamente incompatível com as demandas das economias modernas; de uma carga tributária que, combinada com uma legislação obtusa e uma burocracia fiscalista insana, impede as empresas de crescerem; e de um sistema político que mercantilizou o processo eleitoral e passou a servir de ante-sala para os piores esquemas de corrupção.
Como se vê, não são reformas simples, portanto, jamais serão concluídas na agenda do Congresso Nacional, com os representantes que lá estão e que são, quase todos, beneficiários desse modelo. Aqui cabe parênteses: com a generosidade peculiar desse período natalino, podemos assegurar que não menos de 50% dos nossos parlamentares - por incompetência, carreirismo, mercancia de votos - estariam mais adequadamente instalados em uma ... deixe pra lá.
Eis porque não resta alternativa senão a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte exclusiva para as reformas e funcionando simultânea e independentemente do Congresso Nacional. Sendo o prazo de funcionamento de dois anos e vedada a candidatura de detentores de mandatos, teríamos o privilégio de eleger apenas novos nomes. Mais que isso, defendo que os constituintes ficariam inelegíveis por 8 anos, justamente para afastar o mais possível o oportunismo e para evitar conflito de interesse quando forem debatidas regras como reeleição, durações dos mandatos etc.
Tudo isso não passará de uma quimera, já que longe do interesse da classe política, exceto se uma mobilização popular - e hoje as redes sociais podem ser o instrumento - exigir: Assembléia Nacional Constituinte já!
domingo, 4 de dezembro de 2011
Autoridade e disciplina na escola: o Atheneu de Maria da Glória
Após concluir as 4 primeiras séries do ensino fundamental no Grupo Escolar Edézio Vieira de Melo, em Capela, desembarquei no Colégio Estadual Atheneu Sergipense em 1973 para cursar a 5a série. Além do natural impacto da transição do curso primário para o ginasial, ainda mais em uma cidade algumas vezes maior do que a terra natal, deparei-me com um colégio que mais parecia escombro de uma guerra: sujo, banheiros quebrados, salas com carteiras danificadas, paredes (e até o teto) completamente riscados.
Dois anos depois, o Atheneu Sergipense foi fechado para reforma. Alguns alunos foram transferidos para o Colégio Tobias Barreto e outros, como eu, para o recém inaugurado Colégio 8 de Julho, onde hoje está instalada a Secretaria de Estado do Planejamento e Gestão. Em 1977 o Atheneu foi reaberto, totalmente reformado, agora apenas com as três séries do ensino médio, mas sob nova direção, à frente a professora Maria da Glória Monteiro.
Primeiro dia de aula, alunos reunidos no auditório (hoje Teatro Atheneu), Maria da Glória deu seu recado, curto e grosso: a palavra de ordem seria, dali em diante, disciplina. Quem ousasse descumprir o regimento interno, receberia a devida punição.
Diariamente, com seu ar austero e de poucos amigos, a diretora percorria o colégio, entrava nas salas e, quando encontrava um risco na parede ou alguma carteira danificada, indagava sobre quem causou o dano. Se não aparecesse, a classe inteira era suspensa. Aluno fora da sala durante o horário de aula? Nenhum.
Mas o rigor disciplinar não atingiu apenas os alunos. Primeiro dia de aula, todos os professores em sala, interrompendo a tradição de irem aparecendo aos poucos, alguns um mês após o início do ano letivo. É bem verdade que algumas medidas eram desnecessárias, como a obrigatoriedade dos professores usarem gravata e alguns alunos, acho que da 3a Série, usarem a farda de gala com seu quente casaco de caqui.
O fato é que a rigorosa disciplina não nos fez mal algum, ao contrário, continuávamos os mesmos, com as mesmas alegrias e brincadeiras. A diferença foi que, aos poucos, começamos a nutrir um profundo orgulho por envergar aquela farda e dizer que estudávamos em um colégio organizado, com professores que cumpriam sua obrigação de ensinar, com laboratórios de ciências funcionando e a biblioteca se transformando em local que atraía cada vez mais alunos. Ao orgulho era adicionada emoção no desfile cívico de 7 de Setembro, com a nova e imponente banda marcial a nos conduzir vaidosos com a farda de gala.
Um episódio que vivenciei traduz um pouco daquele momento. 1978 foi ano eleitoral e resolvemos, eu e um colega, lançar a candidatura do ex-governador Seixas Dórea a senador, com o número de Avogadro (6,02 x 10 à 23a potência). Produzimos santinhos e distribuímos com os colegas, até que fomos chamados à diretoria. Em sua sala, Maria da Glória nos deu sua peculiar repreensão e, como punição, teríamos que copiar 3 vezes o extenso Hino Nacional. Ousado, comentei que seria uma boa oportunidade de aprender o hino, já que eu não o sabia de cor. Surpresa, a diretora indagou: "O senhor (era assim que nos tratava) não conhece o Hino Nacional? Então copiará 10 vezes". E assim decorei o hino.
Na tradicional festa anual de reencontro dos ex-alunos do Atheneu deste 2011, lá estava, pela primeira vez, professora Maria da Glória. Fui até ela, agradeci pelo que me ensinou e ainda lhe pedi permissão para tirar esta foto.
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