Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
10/06/2012
Há dois adágios que são muito bem aplicados na
atividade empresarial: "a grama do vizinho é sempre mais verde" e
"o boi engorda sob o olhar do dono". Minha pretensão nesse post é
discorrer sobre o muito que tenho aprendido enquanto empreendedor há 26 anos,
em relação às verdades e mitos por trás dessas máximas.
A expressão
"a grama do vizinho é mais verde", invariavelmente vem seguida de
algo como "ele é um sujeito que teve muita sorte". Eis aqui o
primeiro mito: o que se costuma chamar de sorte (tenho minhas dúvidas se
realmente ela existe) na verdade é uma combinação de trabalho, disposição, fé,
autoconfiança, determinação e tantas outras qualidades que, infelizmente, não
são abundantes na maioria das pessoas.
Aqui cabe
destacar uma grande verdade: não existe negócio fácil. Por mais que assim
pareça, todo negócio tem seus segredos e exige o máximo de presença e dedicação
do seu dono. A prova de que isso é verdade está nos indicadores de mortalidade
infantil das micro e pequenas empresas que, em sua imensa maioria, é motivada
por deficiências do empreendedor, antes de serem causadas por outros fatores
(crédito, mercado, carga tributária etc). Ilude-se quem acha que uma pequena
loja, academia de ginástica ou escola de idiomas é um negócio fácil de tocar,
bastando a grana inicial para o investimento e a formação de uma boa equipe,
requerendo do dono apenas "uma passada" no fim do dia. Estar presente
significa vivenciar o dia-a-dia dentro da empresa, mas também fora,
prospectando clientes, participando de atividades de entidades de classe etc.
Não estou querendo dizer que todos os negócios
são semelhantes, sendo óbvio que existem alguns muito simples e outros bastante
complexos, que exigem ainda mais atributos do empreendedor, mas nenhum pode ser
chamado de "fácil".
E aí vem a
história da engorda do boi sob o olhar do dono. Grande verdade. Pelas mais
diversas razões, há coisas no cotidiano das organizações que só o dono consegue
enxergar. É como se ele usasse algum tipo de lente especial (creio que essa
lente pode ser chamada de capacidade empreendedora) e com ela visse aquilo que
os melhores empregados e gestores não enxergam. É claro que o crescimento da
empresa irá exigir descentralização via delegação, com a natural formação de um
corpo gerencial e diretivo, mas nada disso irá substituir o olho do dono, ao
menos nos negócios de pequeno e médio portes.
Quero crer que
essas simplórias reflexões poderão proporcionar algum tipo de aconselhamento, a
partir de uma experiência prática recheada de erros e acertos, àqueles que
estão enveredando (ou pretendem) pela desafiadora jornada do empreendedorismo.
O conselho é simples: para empreender é preciso ter coragem de correr risco,
obsessão pelo trabalho, disposição para o sacrifício pessoal e não pretender
esperar pela "sorte". E nunca esqueça: fique de olho no seu gado ;-)
Para refletir: Eis a
natureza humana em ação, o culpado culpando todos menos a si mesmo. (Dale Carnegie).
Para ler: Metanóia,
de Roberto Adami Tranjan
Twitter: @jsantana61