sábado, 16 de junho de 2012

A grama e o boi


Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
10/06/2012

Há dois adágios que são muito bem aplicados na atividade empresarial: "a grama do vizinho é sempre mais verde" e "o boi engorda sob o olhar do dono". Minha pretensão nesse post é discorrer sobre o muito que tenho aprendido enquanto empreendedor há 26 anos, em relação às verdades e mitos por trás dessas máximas.
A expressão "a grama do vizinho é mais verde", invariavelmente vem seguida de algo como "ele é um sujeito que teve muita sorte". Eis aqui o primeiro mito: o que se costuma chamar de sorte (tenho minhas dúvidas se realmente ela existe) na verdade é uma combinação de trabalho, disposição, fé, autoconfiança, determinação e tantas outras qualidades que, infelizmente, não são abundantes na maioria das pessoas.
Aqui cabe destacar uma grande verdade: não existe negócio fácil. Por mais que assim pareça, todo negócio tem seus segredos e exige o máximo de presença e dedicação do seu dono. A prova de que isso é verdade está nos indicadores de mortalidade infantil das micro e pequenas empresas que, em sua imensa maioria, é motivada por deficiências do empreendedor, antes de serem causadas por outros fatores (crédito, mercado, carga tributária etc). Ilude-se quem acha que uma pequena loja, academia de ginástica ou escola de idiomas é um negócio fácil de tocar, bastando a grana inicial para o investimento e a formação de uma boa equipe, requerendo do dono apenas "uma passada" no fim do dia. Estar presente significa vivenciar o dia-a-dia dentro da empresa, mas também fora, prospectando clientes, participando de atividades de entidades de classe etc.
  Não estou querendo dizer que todos os negócios são semelhantes, sendo óbvio que existem alguns muito simples e outros bastante complexos, que exigem ainda mais atributos do empreendedor, mas nenhum pode ser chamado de "fácil".
E aí vem a história da engorda do boi sob o olhar do dono. Grande verdade. Pelas mais diversas razões, há coisas no cotidiano das organizações que só o dono consegue enxergar. É como se ele usasse algum tipo de lente especial (creio que essa lente pode ser chamada de capacidade empreendedora) e com ela visse aquilo que os melhores empregados e gestores não enxergam. É claro que o crescimento da empresa irá exigir descentralização via delegação, com a natural formação de um corpo gerencial e diretivo, mas nada disso irá substituir o olho do dono, ao menos nos negócios de pequeno e médio portes.
Quero crer que essas simplórias reflexões poderão proporcionar algum tipo de aconselhamento, a partir de uma experiência prática recheada de erros e acertos, àqueles que estão enveredando (ou pretendem) pela desafiadora jornada do empreendedorismo. O conselho é simples: para empreender é preciso ter coragem de correr risco, obsessão pelo trabalho, disposição para o sacrifício pessoal e não pretender esperar pela "sorte". E nunca esqueça: fique de olho no seu gado ;-)


Para refletir: Eis a natureza humana em ação, o culpado culpando todos menos a si mesmo. (Dale Carnegie).

Para ler: Metanóia, de Roberto Adami Tranjan

Para visitar: www.endeavor.org.br

Twitter: @jsantana61





Junte-se aos seus pares


Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
03/06/2012

O advento dos 140 anos da Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (ACESE), da qual tive a honra de ser presidente no biênio 2005/2006, inspirou-me a tratar de um tema muito importante para empreendedores e empresas: o associativismo. Afinal de contas, vale mesmo a pena dedicar tempo a entidades de classe, mesmo que seja apenas participando dos seus eventos?
A resposta, indiscutivelmente, é sim, embora a agenda cotidiana de quem toca seu próprio negócio seja de tal forma preenchida por assuntos urgentes, que parece não sobrar tempo para tantos outros compromissos importantes (em uma das próximas edições dessa coluna tratarei de gerenciamento de tempo e a sutil diferença entre o urgente e o importante). O fato é que ao associar-se e frequentar sua entidade de classe você vai descobrir o quanto terá para aprender, ajudar e ser ajudado, convivendo fraternalmente com seus pares. O primeiro e mais importante dos muitos aprendizados é que competição e cooperação são duas faces de uma mesma moeda, ou seja, concorrentes podem e devem buscar formas de crescerem juntos.
A segunda questão é a seguinte: em meio a tanta entidades, uma verdadeira profusão de siglas, em qual devo me associar? A recomendação que faço é filiar-se à associação que representa o seu setor (ASSESPRO para TI, ABAV para agências de viagens, ABIH para hotéis etc) e a uma outra de representação geral e, nesse caso, vejo nas Associações Comerciais as mais abrangentes e representativas. As associações em geral costumam ser organizações de direito privado e sem fins lucrativos, com estatutos próprios e a missão de representar e defender os interesses legítimos dos seus associados. Atente para a importância da prática de critérios democráticos nas escolhas dos seus dirigentes e afaste-se daquelas que não costumam praticar o saudável hábito da alternância que evita o surgimento de "donos" e possibilita a salutar oxigenação que decorre da chegada de novos líderes (não faz sentido um mesmo dirigentes permanecer por mais de quatro anos à frente da entidade).
Além das associações, no Brasil ainda existe o anacrônico sistema confederativo sindical, cria do Estado Novo de Vargas, forte e rico, mas pouco representativo e quase sempre avesso à prática da alternância de poder. São os sindicatos patronais que formam as federações estaduais (do comércio, da indústria e da agricultura), que por sua vez constituem as famosas e poderosas Confederações Nacionais. Não é raro encontrar dirigentes nesse sistema que estão há décadas no poder, como é igualmente incomum encontrar nas suas pautas ações eficazes em prol de quem deveriam representar, exceto a recorrente negociação anual de acordos coletivos com os trabalhadores. Paradoxalmente, esse sistema se beneficia de contribuição financeira compulsória que todas as empresas são obrigadas a recolher anualmente, verdadeiras fortunas que têm sido utilizadas para construir patrimônios imobiliários que nada acrescentam aos potenciais beneficiários, as empresas. Por todas essas razões, muitos já questionam o modelo e propõem a extinção pura e simples da contribuição compulsória, cabendo-lhes buscar os meios para se auto-sustentarem.
Entidades de classe legítimas devem ser atuantes na defesa intransigente dos interesses dos representados e são muitos os bons exemplos de bandeiras que muitas defenderam e defendem, como a conquista da Lei Geral das Micro e Pequenas Empresas,  o combate intransigente em favor da redução da carga tributária e dezenas de outros temas setoriais e locais.
A lição da semana é simples: participe de entidades de classe, considere a possibilidade de se tornar um de seus dirigentes (a alternância exige que muitos se tornem líderes) e você verá o quanto isso vai ajudar o seu próprio negócio.


Para refletir: É preciso ser justo, antes de ser generoso. (Winston Churchill).

Para ler: Liderança, Dale Carnegie Tranining

Para visitar: www.acese.org.br

Twitter: @jsantana61





Começando do começo: o Plano de Negócio


Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
27/05/2012

Iniciamos hoje uma nova jornada e o grande desafio de produzir conteúdo semanal para esta coluna da Revista da Cidade, voltada para aqueles que militam (ou que pretendem ingressar) no mundo dos negócios. Experiência prática de mais de 25 anos no comando de empresas, na direção de entidades empresariais e na passagem pela administração pública, combinada com conhecimento disperso nas mais diversas mídias, sobretudo nos insubstituíveis livros, serão a base da coluna.
Nessa estréia, vamos falar sobre o primeiro (e mais importante) passo quando se tem em mente um projeto de negócio e a coragem e disposição para empreender. Trata-se da elaboração do Plano de Negócio, um documento relativamente simples e que tem como objetivo levar para o papel, de forma sistemática, ideias, premissas e números que, ao final, revelarão o grau de viabilidade (e de risco) do pretenso negócio. Nesse particular vale sempre recorrer a um antigo ditado que assevera: "Se a ideia for boa, caberá no papel".
São muitos os casos em que um novo negócio é iniciado, invariavelmente demandando investimentos que representam muito para o investidor e, em pouco tempo, revela-se inviável, fechando as portas e gerando enormes frustrações. Quase sempre, nessas situações, o empreendedor se deixou levar pelo entusiasmo e não deu a devida importância ao Plano de Negócio que, bem elaborado, apontaria a tendência à inviabilidade.
Mas, finalmente, o que é um Plano de Negócio? Quem deve ser contratado para elaborá-lo? De acordo com farta literatura disponibilizada pelo Sebrae em seu site (www.sebrae.com.br), "no Plano de Negócio ficam registrados o conceito do negócio, os riscos, os concorrentes, o perfil da clientela, as estratégias de marketing e o plano financeiro que viabilizará a nova empresa. E lembre-se que o Plano de Negócio não é um documento fechado em uma gaveta, mas um projeto vivo que você deve manter sempre atualizado". E o Sebrae vai além, disponibilizando uma didática cartilha "Como elaborar um Plano de Negócio" em formato .pdf (http://migre.me/99CpY). Seguindo a cartilha, o próprio candidato a empreendedor preparará seu plano sozinho, aqui e ali consultando um contador ou especialista em determinado assunto. Para facilitar ainda mais a vida do empreendedor, no mesmo site o Sebrae oferece informações ricas e detalhadas sobre dezenas de negócios, inclusive com a média de valores a investir (http://migre.me/99CJg). Em muitos casos, o candidato vai perceber que o negócio que pretende abrir envolve muito mais detalhes e variáveis do que ele supunha e, com isso, mudar de ideia ou ser mais cauteloso na decisão de empreender naquele ramo.
            Dito isso, mãos a obra e como diz Stephen Covey, first things first.



Para refletir: Um dos maiores desafios do gestor é saber o que é indelegável, ou seja, aquilo que cabe somente a ele executar.

Para ler: Winston Churchill CEO, de Alan Axelrod

Para visitar: www.sebrae.com.br

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