sexta-feira, 28 de junho de 2013

A inadiável reforma trabalhista

Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
21/04/2013


É do conhecimento até do reino mineral que um dos temas mais emergentes da agenda brasileira contemporânea são as reformas (sobretudo a política, a tributária e a trabalhista), indispensáveis para romper velhos paradigmas que emperram o crescimento do país. Os conflitos de interesses, as visões atrasadas, o corporativismo e muitas outras causas, contudo, têm servido para procrastinar as inadiáveis reformas, contribuindo para reduzir a competitividade das empresas e, consequentemente, do conjunto da economia do país.
Vou me deter, desta feita, naquela que é objeto dos maiores medos da classe política, a reforma trabalhista, já que a atitude populista ou corporativista trata como uma heresia sequer discutir os "consagrados direitos e conquistas dos trabalhadores", muitos deles justos e necessários, outros, ao contrário, verdadeiros tributos ao Custo Brasil.
Valho-me de opiniões do desembargador do trabalho aposentado, Ney Prado, autor do livro Reforma Trabalhista, que considera que a atual e complexa legislação trabalhista tem caráter excessivamente intervencionista, possui vícios técnicos e não atende mais a suas finalidades, provocando desobediência civil via informalidade, além de insegurança jurídica; é um protecionismo às avessas, pois a Justiça do Trabalho se tornou a "justiça dos desempregados". O desembargador rotula este modelo também como elitista, pois mais de 50% da população economicamente ativa não está inserida nesse protecionismo.
O Direito do Trabalho, segundo Ney Prado, possui axiomas como a hipossuficiência econômica do trabalhador e a subordinação ao empregador com perda da autonomia individual, dando-se uma superioridade jurídica ao trabalhador para compensar sua inferioridade econômica, onde o empregado é tido como um ser relativamente incapaz, por isso precisaria de proteção.
Essa lógica e esses princípios, certamente eram atualíssimos em 1943, há 70 anos, quando a hoje senil CLT foi criada. Nos dias correntes, o caráter intervencionista e a hipossuficiência econômica do trabalhador precisariam, no mínimo, ser recalibrados. Em uma economia onde 2/3 do PIB vem do setor terciário, esses paradigmas celetistas se tornaram anacrônicos, inibindo a necessária modernização das relações de trabalho.
Jornada de trabalho flexível, trabalho em casa (home office), vínculos alternativos (como pessoa jurídica, por exemplo), são demandas do cotidiano das empresas, em especial daquelas que atuam nas economias criativas, mas que não podem ser atendidas porque a CLT, combinada com a miopia sindical, simplesmente impedem.
Nenhum país é uma ilha, ao contrário, queiramos ou não, estamos inseridos na economia global, competindo com outros países por novos mercados. Ocorre que dispomos, cada vez menos, de instrumentos protecionistas para mitigar a baixa competitividade das empresas nacionais, já que precisam carregar os insuportáveis custos tributários, trabalhistas e tantos outros, que as reformas poderiam minimizar.

Para refletir: "O sucesso é um péssimo professor. Induz gente brilhante a pensar que é impossível perder." -- Bill Gates


Para ler: Reforma Trabalhista, de Ney Prado.