domingo, 25 de setembro de 2011

Um pouco dos encantos do Chile


O Chile é um país admirável e em vários aspectos se diferencia, para melhor, dos demais da América do Sul. Dentro do contexto da América Latina, é o melhor em termos de desenvolvimento humano, competitividade, qualidade de vida, estabilidade política, globalização, liberdade econômica, baixa percepção de corrupção e índices comparativamente baixos de pobreza. Também é elevado o nível regional de liberdade de imprensa e de desenvolvimento democrático. Sua posição como país mais rico da região (empatado com o México), em termos de produto interno bruto per capita (a preço de mercado e paridade do poder de compra), no entanto, é contrariada devido ao seu alto nível de desigualdade de renda, medido pelo coeficiente de Gini. Em maio de 2010 o Chile se tornou o primeiro país sul-americano a aderir ao restrito clube da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Sua bela capital, Santiago, com população superior a 6 milhões de habitantes, é uma das cidades mais modernas da América do Sul. Entre seus atrativos estão inúmeros parques, museus, igrejas e uma intensa vida noturna. Via www.booking.com nos hospedamos no excelente Radisson Plaza Santiago Hotel, com diária de pouco mais de US$ 120, localizado num moderno distrito de negócios em Las Condes.
Chegamos no começo da tarde de uma quinta-feira e decidimos almoçar nas redondezas do hotel, na Churrasqueria Bariloche, casa de carnes com mesas na calçada e chopp gelado, que serviu um delicioso bife de chorizo. Depois de um necessário descanso no hotel, fomos jantar no Borde Rio (www.borderio.cl), centro gastronômico formado por 11 restaurantes das mais diversas especialidades. Escolhemos o estiloso Delmónico, de cozinha americana contemporânea, com decoração inspirada em New Orleans, onde saboreamos uma deliciosa pasta acompanhada do nacional Montes Alpha Shiraz. Foi aí que conhecemos o pisco sour, um drinque preparado à base de pisco (aguardente peruana feita de uva) e suco de limão com outros ingredientes. A máxima “aprecie com moderação” nos pareceu extremamente adequado para a bebida.
Centro de Santiago: o velho e o novo
A poucos metros do hotel existe uma estação do metrô, que utilizamos no segundo dia, dedicado a caminhadas pela cidade. Descemos nas imediações de Cerro San Cristobal, parte do enorme Parque Nacional, que possui Jardim Zoológico e Jardim Botânico. Para chegar ao topo da montanha toma-se o funicular (veículo que sobe a montanha preso em cabos sobre um plano inclinado)  e chega-se à estátua da Virgem Imaculada Conceição, de 22m. A visão de 360° da cidade é belíssima, local ideal para muitas fotos.
Nas proximidades da entrada do parque está um dos endereços mais procurados pelos turistas que visitam a cidade: La Chascona, a casa onde morou Pablo Neruda, ganhador do Prêmio Nobel e mais famoso poeta chileno. Fizemos o tour guiado pela charmosa casa, hoje um museu, para conhecer melhor esse adorável poeta, símbolo da esquerda latinoamericana, e perceber seu fascínio pelo mar que inspirou a arquitetura dos ambientes, como se fossem espaços internos de um barco. Visitar La Chascona permite também entrar no universo da relação de Neruda com Matilde, sua terceira mulher, para quem o poeta construiu a casa. Além disso, tem um gostinho especial as referências a Oscar Niemeyer, Vinícius de Moraes e Jorge Amado, amigos brasileiros de Pablo Neruda.
Um dos espaços de La Chascona, casa de Neruda em Santiago
A pé, seguimos pela Calle Constitución, em Bellavista, bairro conhecido como boêmio e cultural  e famoso pelos muitos bares e restaurantes. Paramos na Sangucheria Ciudad Viega (www.ciudadvieja.cl), que oferece dezenas de marcas de cervejas, onde provamos algumas das fabricadas no país. De lá caminhamos até o Mercado Central (o tempo esquentou e teria sido melhor ter tomado o metrô), famoso pelos vários restaurantes que oferecem frutos do mar. O inconveniente é o assédio de garçons desde as imediações do Mercado, prática sempre desagradável e irritante. Comemos o peixe mais famoso da região, o congrio, feito sem muito capricho.
Em seguida caminhamos pelo centro da cidade, com paradas na catedral e no Palácio de La Moneda, sede do governo. À noite optamos por uma área famosa por badalados bares, a Orrego Luco de onde seguimos para jantar no California Cantina & Restaurante (www.californiacantina.net), que fica nas imediações da Calle Providencia. O vinho escolhido foi o Santa Ema reserva, que nos surpreendeu e voltamos a tomar em outras ocasiões, inclusive no Brasil.
Para o restante do roteiro - visita a vinícola, a Viña del Mar e Valparaiso - optamos por alugar um carro, mas não foi fácil encontrar assim, de última hora. Depois de várias tentativas, finalmente a Alamos tinha um sedan compacto com GPS a preço razoável. Fomos, então, visitar a vinícola Concha y Toro (www.conchaytoro.com), que fica nos arredores da cidade. Depois de alguns transtornos com o GPS, finalmente chegamos à vinícola e fizemos o tour Marquês de Casa Concha, que inclui degustação de 4 tipos desse que é um dos melhores vinhos da casa.
No fim da tarde fomos ao Parque Arauco, belo shopping center com uma praça aberta, em torno da qual existem vários restaurantes. Escolhemos a varanda de um deles para aproveitar e apreciar a lua cheia, enquanto artistas locais tocavam bons hits no palco instalado no centro da agitada praça.
O domingo, penúltimo dia da viagem, foi dedicado a Valparaiso e Viña del Mar, viagem agradável de 120 Km. Valparaíso faz por merecer o título de patrimônio da humanidade. Para fugir dos ataques piratas, comuns no século 16, os moradores construíram as casas em morros, de onde se avista o mar como se fossem cartões postais. A cidade também tem uma outra casa de Pablo Neruda, visita obrigatória. Em 1959, o poeta chileno procurava por um lugar onde viver e escrever com tranquilidade. Neruda encontrou La Sebastiana, batizada assim em homenagem a seu construtor, Sebastian Collado. São cinco pavimentos, pequenos, mas sempre originais, igualmente inspirados em um barco, em cujos diversos ambientes estão dispostos móveis e objetos que o poeta e diplomata trazia das mais diversas partes do mundo.
Valparaiso, vista de La Sebastiana
A poucos quilômetros de Valparaiso, está Viña del Mar, balneário mais sofisticado, cheio de prédios a beira mar, lojas, bares e restaurantes. Depois de cumprir o ritual de molhar os pés nas águas do Pacífico - ainda mais geladas porque o dia estava frio -, paramos num restaurante mexicano e fomos para o elegante Chez Gerald (www.chezgerald.com), com vista maravilhosa para a praia.

Foram quatro dias desbravando um pouquinho da diversidade chilena, marcante tanto do ponto de vista climático, quanto humano. Impressiona perceber como os chilenos conseguiram vencer as adversidades geográficas, o relevo acidentado, a instabilidade sísmica e o clima, tornando-se um país que é referência para os vizinhos da América Latina. E para aqueles que querem experimentar a neve, nas proximidades de Santiago está a famosa estação de ski do Valle Nevado, excelente opção para uma viagem de inverno. Enfim, um destino que vale muito conhecer.

Jorge Santana & Eloisa Galdino, em março de 2011

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