O Chile é um país admirável e em vários
aspectos se diferencia, para melhor, dos demais da América do Sul. Dentro do
contexto da América Latina, é o melhor em termos de desenvolvimento humano,
competitividade, qualidade de vida, estabilidade política, globalização, liberdade
econômica, baixa percepção de corrupção e índices comparativamente
baixos de pobreza. Também é elevado o nível regional
de liberdade de imprensa e de desenvolvimento democrático. Sua
posição como país mais rico da região (empatado com o México), em termos
de produto interno bruto per capita (a preço de mercado e paridade
do poder de compra), no entanto, é contrariada devido ao seu alto nível
de desigualdade de renda, medido pelo coeficiente de Gini. Em
maio de 2010 o Chile se tornou o
primeiro país sul-americano a aderir ao restrito clube da OCDE (Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Sua bela capital, Santiago, com população superior a 6 milhões de habitantes, é
uma das cidades mais modernas da América do Sul. Entre seus atrativos estão
inúmeros parques, museus, igrejas e uma intensa vida noturna. Via www.booking.com nos hospedamos no excelente Radisson Plaza Santiago Hotel, com
diária de pouco mais de US$ 120, localizado num moderno distrito de negócios em
Las Condes.
Chegamos no começo da tarde de uma quinta-feira
e decidimos almoçar nas redondezas do hotel, na Churrasqueria Bariloche, casa
de carnes com mesas na calçada e chopp gelado, que
serviu um delicioso bife de chorizo. Depois de um necessário descanso no hotel,
fomos jantar no Borde Rio (www.borderio.cl), centro gastronômico formado por 11
restaurantes das mais diversas especialidades. Escolhemos o estiloso Delmónico, de cozinha americana contemporânea, com decoração
inspirada em New Orleans, onde saboreamos uma deliciosa pasta acompanhada do
nacional Montes Alpha Shiraz. Foi aí que conhecemos o pisco sour, um drinque
preparado à base de pisco (aguardente peruana feita de uva) e suco de limão com
outros ingredientes. A máxima “aprecie com moderação” nos pareceu
extremamente adequado para a bebida.
Centro de Santiago: o velho e o novo
A poucos metros do hotel existe uma estação do
metrô, que utilizamos no segundo dia, dedicado a caminhadas pela cidade.
Descemos nas imediações de Cerro San Cristobal, parte do enorme Parque
Nacional, que possui Jardim Zoológico e Jardim Botânico. Para chegar ao topo da
montanha toma-se o funicular (veículo que sobe a montanha preso em cabos sobre
um plano inclinado) e chega-se à
estátua da Virgem Imaculada Conceição, de 22m. A visão de 360° da
cidade é belíssima, local ideal para muitas fotos.
Nas proximidades da entrada do parque está um
dos endereços mais procurados pelos turistas que visitam a cidade: La Chascona,
a casa onde morou Pablo Neruda, ganhador do Prêmio Nobel e mais famoso poeta
chileno. Fizemos o tour guiado pela charmosa casa, hoje um museu, para conhecer
melhor esse adorável poeta, símbolo da esquerda latinoamericana, e perceber seu
fascínio pelo mar que inspirou a arquitetura dos ambientes, como se fossem
espaços internos de um barco. Visitar La Chascona permite também entrar no universo
da relação de Neruda com Matilde, sua terceira mulher, para quem o poeta
construiu a casa. Além disso, tem um gostinho especial as referências a Oscar
Niemeyer, Vinícius de Moraes e Jorge Amado, amigos brasileiros de Pablo Neruda.
Um dos espaços de La Chascona, casa de Neruda em Santiago
A pé, seguimos pela Calle Constitución, em
Bellavista, bairro conhecido como boêmio e cultural e famoso pelos muitos bares e restaurantes. Paramos na
Sangucheria Ciudad Viega (www.ciudadvieja.cl), que
oferece dezenas de marcas de cervejas, onde provamos algumas das fabricadas no
país. De lá caminhamos até o Mercado Central (o tempo esquentou e teria sido melhor
ter tomado o metrô), famoso pelos vários restaurantes que oferecem frutos do
mar. O inconveniente é o assédio de garçons desde as imediações do Mercado,
prática sempre desagradável e irritante. Comemos o peixe mais famoso da região,
o congrio, feito sem muito capricho.
Em seguida caminhamos pelo centro da cidade,
com paradas na catedral e no Palácio de La Moneda, sede do governo. À noite
optamos por uma área famosa por badalados bares, a Orrego Luco de onde seguimos
para jantar no California Cantina & Restaurante (www.californiacantina.net), que fica nas imediações da Calle Providencia. O vinho
escolhido foi o Santa Ema reserva, que nos surpreendeu e voltamos a tomar em
outras ocasiões, inclusive no Brasil.
Para o restante do roteiro - visita a vinícola,
a Viña del Mar e Valparaiso - optamos por alugar um carro, mas não foi fácil
encontrar assim, de última hora. Depois de várias tentativas, finalmente a
Alamos tinha um sedan compacto com GPS a preço razoável. Fomos, então, visitar
a vinícola Concha y Toro (www.conchaytoro.com), que fica nos arredores da cidade. Depois de alguns
transtornos com o GPS, finalmente chegamos à vinícola e fizemos o tour Marquês
de Casa Concha, que inclui degustação de 4 tipos desse que é um dos melhores
vinhos da casa.
No fim da tarde fomos ao Parque Arauco, belo
shopping center com uma praça aberta, em torno da qual existem vários
restaurantes. Escolhemos a varanda de um deles para aproveitar e apreciar a lua
cheia, enquanto artistas locais tocavam bons hits no palco instalado no centro
da agitada praça.
O domingo, penúltimo dia da viagem, foi
dedicado a Valparaiso e Viña del Mar, viagem agradável de 120 Km. Valparaíso
faz por merecer o título de patrimônio da humanidade. Para fugir dos
ataques piratas, comuns no século 16, os moradores construíram as casas em
morros, de onde se avista o mar como se fossem cartões postais. A cidade também
tem uma outra casa de Pablo Neruda, visita obrigatória. Em 1959, o poeta
chileno procurava por um lugar onde viver e escrever com tranquilidade. Neruda
encontrou La Sebastiana, batizada assim
em homenagem a seu construtor, Sebastian Collado. São
cinco pavimentos, pequenos, mas sempre originais, igualmente inspirados em um
barco, em cujos diversos ambientes estão dispostos móveis e objetos que o poeta
e diplomata trazia das mais diversas partes do mundo.
Valparaiso, vista de La Sebastiana
A poucos quilômetros de Valparaiso, está Viña
del Mar, balneário mais sofisticado, cheio de prédios a beira mar, lojas, bares
e restaurantes. Depois de cumprir o ritual de molhar os pés nas águas do
Pacífico - ainda mais geladas porque o dia estava frio -, paramos num
restaurante mexicano e fomos para o elegante Chez Gerald (www.chezgerald.com), com vista maravilhosa
para a praia.
Foram quatro dias desbravando um pouquinho da
diversidade chilena, marcante tanto do ponto de vista climático, quanto humano.
Impressiona perceber como os chilenos conseguiram vencer as adversidades
geográficas, o relevo acidentado, a instabilidade sísmica e o clima,
tornando-se um país que é referência para os vizinhos da América Latina. E para
aqueles que querem experimentar a neve, nas proximidades de Santiago está a
famosa estação de ski do Valle Nevado, excelente opção para uma viagem de
inverno. Enfim, um destino que vale muito conhecer.
Jorge Santana
& Eloisa Galdino, em março de 2011
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