A expressão "a grama do vizinho é mais verde", invariavelmente vem seguida de algo como "ele é um sujeito que teve muita sorte". Eis aqui o primeiro mito: o que se costuma chamar de sorte (tenho minhas dúvidas se realmente ela existe) na verdade é uma combinação de trabalho, disposição, fé, autoconfiança, determinação e tantas outras qualidades que, infelizmente, não são abundantes na maioria das pessoas. Aqueles que galgaram o sucesso, normalmente ralaram muito (quase todos continuam ativos, presentes e atuantes em seus negócios) e souberam se dedicar de corpo e alma à conquista desse sucesso, sempre incluída uma boa dose de sacrifício pessoal.
Aqui cabe destacar a afirmação que dá título a esse texto: não existe negócio fácil. Por mais que assim pareça, todo negócio tem seus segredos e exige o máximo de presença e dedicação do seu dono. A prova de que isso é verdade está nos indicadores de mortalidade infantil das micro e pequenas empresas que, em sua imensa maioria, é motivada por deficiências do empreendedor, antes de serem causadas por outros fatores (crédito, mercado, carga tributária etc). Ilude-se quem acha que uma pequena loja, academia de ginástica ou escola de idiomas é um negócio fácil de tocar, bastando a grana inicial para o investimento e a formação de uma boa equipe, requerendo do dono apenas "uma passada" no fim do dia. Estar presente significa vivenciar o dia-a-dia dentro da empresa, mas também fora, prospectando clientes, participando de atividades de entidades de classe etc. Se a dedicação ao negócio for exclusiva, tanto melhor; se não, o desafio torna-se ainda maior, porque gato com dois sentidos tem mais dificuldade de pegar o rato.
Atentem para o seguinte: não estou querendo dizer que todos os negócios são semelhantes, sendo óbvio que existem alguns muito simples e outros bastante complexos, que exigem ainda mais atributos do empreendedor, mas nenhum pode ser chamado de "fácil".
Atentem para o seguinte: não estou querendo dizer que todos os negócios são semelhantes, sendo óbvio que existem alguns muito simples e outros bastante complexos, que exigem ainda mais atributos do empreendedor, mas nenhum pode ser chamado de "fácil".
E aí vem a história da engorda do boi sob o olhar do dono. Grande verdade. Pelas mais diversas razões, há coisas no cotidiano das organizações que só o dono consegue enxergar. É como se ele usasse algum tipo de lente especial (creio que essa lente pode ser chamada de capacidade empreendedora) e com ela visse aquilo que os melhores empregados e gestores não enxergam. É claro que o crescimento da empresa irá exigir descentralização via delegação, com a natural formação de um corpo gerencial e diretivo, mas nada disso irá substituir o olho do dono, ao menos nos negócios de pequeno e médio portes.
Quero crer que essas simplórias reflexões poderão proporcionar algum tipo de aconselhamento, a partir de uma experiência prática recheada de erros e acertos, àqueles que estão enveredando (ou pretendem) pela desafiadora jornada do empreendedorismo. O conselho é simples: para empreender é preciso ter coragem de correr risco, obsessão pelo trabalho, disposição para o sacrifício pessoal e não pretender esperar pela "sorte". E nunca esqueça: fique de olho no seu gado ;-)
Nenhum comentário:
Postar um comentário