A indústria da tecnologia da informação tem produzido mitos que se tornaram bilionários e são celebrados mundo afora pelos seus feitos, como os norte-americanos Bill Gates (Microsoft), Steve Jobs (Apple) e Larry Ellisson (Oracle), dentre vários outros. Naturalmente o glamour que os cerca tem mais relação com suas fortunas e (pseudo)irreverências do que propriamente pelo quanto contribuíram para o progresso da tecnologia.
Em posição diametralmente oposta encontramos nomes pouco conhecidos, que não acumularam fortunas, mas cujas contribuições para o avanço tecnológico são inestimáveis. Nesse rol merecem destaque o finlandês Linus Torvalds (criador do sistema operacional de código aberto Linux) e o inglês Tim Berners-Lee (pai da Web), a quem homenageio neste breve ensaio.
De acordo com a Wikipedia, Sir Timothy John Berners-Lee nascido em Londres, em 8 de junho de 1955, é engenheiro, cientista da computação e professor do MIT, a quem é creditada a invenção da World Wide Web (WWW), fazendo a primeira proposta para sua criação em março de 1989. Em 25 de dezembro de 1990, com a ajuda de Robert Cailliau e um jovem estudante do CERN (Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire), implementou a primeira comunicação bem-sucedida entre um cliente HTTP e o servidor através da Internet.
A World Wide Web (cuja tradução livre seria "Rede de alcance mundial", também conhecida como Web e WWW) é um sistema de documentos em hipermídia que são interligados e executados na Internet. Os documentos podem estar na forma de vídeos, sons, hipertextos e figuras. Para visualizar a informação, pode-se usar um programa de computador chamado navegador que descarrega os chamados "documentos" ou "páginas" de servidores web (ou "sítios") e mostra na tela do usuário. O usuário pode então seguir as hiperligações na página para outros documentos ou mesmo enviar informações de volta ao servidor para interagir com ele. O ato de seguir hiperligações é, comumente, chamado de "navegar" ou "surfar" na Web. Possivelmente, não fosse a genialidade de Tim, poderíamos hoje estar trocando e acessando informações na Internet utilizando algo como a não-intuitiva interface Windows e pagando caro por isso.
Visionário de fato, já em 1980, quando trabalhava no CERN, Berners-Lee propôs um projeto baseado no conceito de hipertexto para facilitar a partilha e atualização de informações entre os pesquisadores. Em 1989, o CERN era o maior nó da internet na Europa e Berners-Lee viu a oportunidade de unir hipertexto com internet: "Eu só precisei tomar a ideia de hipertexto e conectá-la às ideias de Transmission Control Protocol e Domain Name System e - ta-da! - a World Wide Web".
A partir daí ele construiu o primeiro navegador e o primeiro servidor Web. O primeiro website foi construído e posto on line em 6 de agosto de 1991, contendo informações sobre o projeto WWW. Visitantes poderiam aprender mais sobre hipertexto, detalhes técnicos para a criação de sua própria página web e até mesmo uma explicação sobre como pesquisar a Web para obter informações.
Em 1994, Berners-Lee fundou o World Wide Web Consortium (W3C) no MIT. É composto por várias empresas dispostas a criar normas e recomendações para melhorar a qualidade na Web. Berners-Lee deixou sua ideia disponível livremente, sem patente e sem royalties devidos. O World Wide Web Consortium decidiu que as suas normas deveriam ser baseadas em tecnologia livre de royalties, de modo que pudessem ser facilmente adotada por qualquer um.
Eis, portanto, o maior mérito desse cientista, que justificaria ser celebrado como um dos maiores homens da história: resistiu à tentação de apropriar-se sozinho da sua criação e enriquecer com ela, desprezando patentes e royalties e compreendendo que conhecimento deve ser compartilhado e não mercantilizado.
Como se não bastasse, foi uma das vozes pioneiras, e continua a percorrer o mundo em favor do princípio da neutralidade da rede (Internet), defendendo que provedores devem fornecer "conectividade sem restrições", e não deveriam nem controlar nem monitorar as atividades dos navegadores dos clientes sem o seu consentimento expresso.
Em novembro do ano passado, Berners-Lee publicou na Scientific American um artigo que se transformou em um verdadeiro libelo pela neutralidade da rede. Intitulado "Vida longa para a Web: um grito pela continuidade dos padrões abertos e neutralidade", nele diz o autor: "A Web é crítica não meramente pela revolução digital, mas para a continuidade da nossa prosperidade - e mesmo da nossa liberdade. Como a democracia em si, (a neutralidade) precisa ser defendida".
Recentemente, Tim Berners-Lee foi considerado um dos maiores gênios vivos do mundo, segundo o levantamento "Top100 Living Geniuses", da consultoria Creators Synectics. Em janeiro último esteve no Brasil, na Campus Party, onde foi aplaudido pela sua imensa legião de admiradores da comunidade de tecnologia da informação brasileira. Na ocasião, afirmou: "A internet deve ser livre e qualquer tentativa de controle sobre a informação acaba por descaracterizar o propósito com que ela nasceu. Deveríamos lutar pelo oposto, justamente por um maior acesso à informação e maior liberdade e não partir para discussões sobre censura".
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