Muito se tem falado ultimamente sobre o assunto do trânsito nas grandes cidades brasileiras, e as várias hipóteses para solucionar o problema. Nesse debate, entretanto, pouco se tem ouvido sobre as soluções inteligentes que as Tecnologias da Informação e Comunicações podem prover, e sua importância nesses projetos.
O desperdício, cada dia maior, de combustível, mas principalmente de nosso tempo e paciência com o trânsito, provocam perdas irrecuperáveis para a economia. Cada vez precisamos sair mais cedo para cumprir compromissos, sacrificando horas de trabalho, de sono, de convívio familiar e de lazer. A ineficiência é flagrante e irritante.
Iniciativas louváveis e lógicas – a ponto de nos perguntarmos sobre a razão de não terem sido adotadas antes – vêm sendo tomadas pelas administrações, principalmente pela pressão – saudável, diga-se de passagem - dos importantes eventos que o Brasil sediará neste e nos próximos anos. Não há dúvida de que o incentivo ao uso do transporte coletivo eficiente é o caminho.
Corredores expressos para ônibus (BRS - do inglês Bus Rapid Service), como os criados recentemente em Copacabana, no Rio, são uma solução interessante e racional, na medida em que reduzem o número de linhas se superpondo no mesmo trajeto, ao mesmo tempo em que aceleram sua circulação em função da restrição aos carros particulares e limitação do número de paradas. Os BRTs (Bus Rapid Transit) que terão canaletas próprias em vias expressas construídas especialmente para esse fim, assim como a expansão dos Metrôs, também criam alternativas interessantes de mobilidade, viabilizadas pelo grande volume de passageiros que transportam.
É suficiente? E a integração dos vários meios de transporte? Com o emprego de sistemas de rastreamento nos coletivos, é perfeitamente viável estabelecer-se horários de passagem de uma determinada linha, informando-os à empresa, aos órgãos de trânsito e ao usuário, por painéis instalados nos pontos de parada. Integração de horários entre ônibus e metrô torna-se possível, acrescentando uma comodidade que estimularia o cidadão a usar o transporte coletivo.
E por que não usar a tecnologia disponível para racionalizar a cobrança da passagem? Bilhetes únicos ou integrados poderiam ser adquiridos pelo celular. No mesmo telefone seriam consultados horários e trajetos, permitindo a todos programar seus deslocamentos.
O estacionamento, onde hoje a fraude engole 50% da receita - isso mesmo, metade da receita se escoa pelo ralo da contravenção - pode ser pago usando-se o telefone celular ou fixo, evitando-se o manuseio de dinheiro na rua, e a sensação de frustração do contribuinte com o vale-tudo dos cobradores irregulares. Isso não é sonho, pois já existe e funciona. E tudo com as informações enviadas, em tempo real, aos órgãos de controle.
Poderíamos prosseguir com uma longa lista de soluções.
Raro é o setor em que a evolução em direção à eficiência e racionalização prescinda da TI, ou das TICs. E o transporte urbano não é exceção. Melhorar a mobilidade nas cidades é necessidade que sensibiliza a todos, pois afeta, indistintamente, todas as classes. Cabe às administrações decidir atacar o problema de forma avançada: usando a tecnologia. Nossas empresas querem e podem ajudar.
Bruno F R Malburg é diretor da ASSESPRO-RJ
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