Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
15/07/2012
O
crescimento da economia mundial nas décadas mais recentes trouxe uma
consequência que atinge atualmente muitos países, inclusive o Brasil: a escassez
de mão de obra especializada, sobretudo nas atividades técnicas e tecnológicas,
aí incluídas as engenharias, a computação e suas respectivas carreiras técnicas
de nível médio.
Na
área de Tecnologia da Informação (TI), embora o setor empregue atualmente 600
mil profissionais no país, há um déficit de cerca de 90 mil especialistas de
acordo com projeções do Observatório Softex. Mantida essa tendência, o déficit
poderá chegar a 200 mil em 2013. Adicionalmente, de acordo com a Brasscom
(associação que reúne empresas de TI de perfil exportador), apenas 85 mil
estudantes concluem, em média, os cursos superiores de TI, de um total de 460
mil vagas oferecidas anualmente pelas instituições de ensino.
Com
as engenharias o cenário é igualmente desalentador: são 197 mil vagas
oferecidas e somente 120 mil preenchidas nos vestibulares. Já o número anual de
graduados (dados de 2010) são, comparativamente, assustadores quando comparados
com outros países: China (400 mil), Índia (250 mil), Rússia (100 mil), Coréia
do Sul (80 mil) e Brasil (32 mil).
Mas
a que se deve tamanho desinteresse e o que justificaria uma evasão que chega a
ultrapassar 80%? As causas são diversas, mas destaco duas: a ilusão que está
por trás da busca pelas carreiras de Estado; e a falta de base matemática na
escola regular, reflexo do investimento anual por estudante que é quatro a
cinco vezes menor do que a média dos países da OCDE para a educação básica, e
20% maior na educação superior.
Sobre
a ilusão das carreiras de Estado, temos aí uma perversidade: motivados pela
estabilidade do emprego e pelos salários desnecessariamente elevados, os jovens
são pressionados pelas suas famílias a buscarem cursos que favoreçam a
participação em concursos públicos (sobretudo Direito, com 1.240 cursos no
Brasil e 1.100 no resto do mundo). Resultado: 1 em cada 1.000 vai concretizar
esse sonho, alguns poucos vão se dar bem como profissionais autônomos, enquanto
o restante vai engrossar a massa de subempregados frustrados. E onde está a
perversidade? Exatamente no desperdício de tantos jovens talentosos, essenciais
nas engenharias e com grande potencial para o empreendedorismo, que são vistos
ocupando as monótonas carreiras de Estado.
A realidade do ensino médio profissionalizante é
ainda pior: a falta de investimentos públicos nas últimas décadas levou o
Brasil a uma situação negativamente singular. Enquanto nos países ditos
desenvolvidos tem-se 1 profissional de nível superior para cada 5 de nível
médio, em nosso país são 2 de nível superior para cada 1 de nível médio.
Felizmente os últimos governos vêm buscando corrigir esta distorção com a
construção de 214 novas escolas técnicas federais, que já começam a se somar às
apenas 140 unidades construídas entre 1909 e 2002.
Para refletir: A preguiça anda tão devagar, que a pobreza facilmente a alcança.
Confúcio.
Para ler: Know-How – As 8 competências que separam os que fazem dos que não fazem,
de Ram Charan
Twitter: @jsantana61
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