Jornal da Cidade
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#Business
02/09/2012
Meu livro de cabeceira em matéria
de economia brasileira contemporânea chama-se "Conhecimento e inovação
para a competitividade" (versão pdf na íntegra), na
verdade um relatório do Banco Mundial publicado pela CNI, que oferece uma
análise crítica, propositiva e honesta, despida de qualquer viés ideológico.
A questão central do estudo é
estabelecer os desafios postos ao nosso país para ocupar a devida posição no
cenário da economia do conhecimento. Segundo os autores, governos recentes
lograram êxito na enorme tarefa de extirpar a hiperinflação e reduzir a dívida
externa, mas viram competidores globais sairem à frente na corrida pela
competitividade: a China se tornou o maior fabricante de equipamentos
eletrônicos do mundo e a Índia é a capital mundial da terceirização
tecnológica, ambos crescendo a mais de 7% ao ano; enquanto isso, o Brasil permanece
como grande exportador de matérias-primas e cresceu, em média, 3,6% ao ano na
década passada.
O diagnóstico do Banco Mundial
aponta três principais causas para o crescimento mais lento da economia
brasileira. Primeiro, o Brasil ficou para trás dos seus competidores,
especialmente da Ásia, na oferta de um serviço educacional de qualidade.
Segundo, o país tem buscado a inovação de ponta e intensiva em capital, que
produz avanços tecnológicos em nível mundial, mas ignora as inovações mais
corriqueiras dos processos de produção, que tendem a render os maiores
resultados econômicos. Em terceiro lugar, o Brasil tem dependido muito do
governo para incentivar a inovação, desprezando o caminho mais eficiente e
menos oneroso do uso de incentivos para encorajar a inovação no setor privado,
que normalmente se espalha mais rapidamente por toda a economia.
Ainda de acordo com o relatório,
nas últimas décadas o Brasil implementou uma lenta liberalização comercial e
reformas trabalhistas ineficientes, além de ter negligenciado a deficiência do
seu sistema de ensino básico. Se houvesse adotado mudanças mais radicais, o
país estaria muito mais apto a beneficiar-se das oportunidades domésticas e
internacionais, como fizeram seus concorrentes, a exemplo da China.
O fato é que o Brasil não pode
mais ignorar a economia do conhecimento e fazer um extenso dever de casa que
inclui um amplo conjunto de reformas (tributária, trabalhista, política etc),
pesados investimentos em infraestrutura física, expressiva melhoria do ambiente
de negócios e, sobretudo, reinventar o sistema educacional ineficiente e
desigual que não consegue produzir o tipo de capital humano necessário à
competitividade global.
O estudo reconhece que a
estabilidade do ambiente macroeconômico ajudou a reverter os acentuados
declínios da "década perdida", mas não foi suficiente para estimular
o necessário crescimento acelerado. De igual modo, os insuficientes
investimentos públicos em infraestrutura e a lentidão das reformas para
facilitar o clima de investimentos, não sugerem perspectiva de um crescimento
substancialmente mais elevado.
O que fazer para alterar esse cenário? A resposta: estímulo à
inovação e uma revolução no sistema educacional. Esses serão os assuntos das duas
próximas semanas. Até lá.
Para refletir: A competitividade de um país não começa nas indústrias ou nos
laboratórios de engenharia. Ela começa na sala de aula. Lee Iacocca.
Para ler: Conhecimento e inovação para a competitividade - versão pdf gratuita aqui
Twitter: @jsantana61
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