domingo, 30 de setembro de 2012

Por que o Brasil cresce pouco? (II)


Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
09/09/2012

Na primeira parte dessa trilogia, que se baseia no estudo "Conhecimento e inovação para a competitividade" (versão pdf na íntegra) do Banco Mundial publicado pela CNI, vimos que o Brasil não pode mais ignorar a economia do conhecimento e que precisa fazer um extenso dever de casa que inclui um amplo conjunto de reformas (tributária, trabalhista, política etc), pesados investimentos em infraestrutura física, expressiva melhoria do ambiente de negócios e, sobretudo, reinventar o sistema educacional e encorajar a inovação no setor privado.
Nada mais natural do que a ênfase que o relatório dá à importância da inovação nas empresas como antídoto às baixas taxas de crescimento da economia brasileira, assegurando que dois elementos formam a atual base da relativa deficiência do Brasil em inovação: a tendência à pesquisa excessivamente "teórica" nas universidades públicas e a expressiva falta de investimento do setor privado que, ainda protegido, é poupado da necessidade de competir.
Os autores reconhecem que iniciativas recentes de estímulo a investimentos das empresas em inovação - como a Lei de Inovação e os Fundos Setoriais - foram importantes, mas é preciso ampliar as políticas públicas de tecnologia e inovação para que as empresas privadas passem a investir mais, assumindo riscos e expandindo suas atividades produtivas para novas áreas "menos seguras". O estudo detecta ainda a necessidade de liberalizar ainda mais a economia, em parte para forçar as firmas nacionais a se tornarem mais competitivas.
O investimento público em P&D, prossegue o relatório, precisa ser mais eficiente também para criar uma infraestrutura que possibilite comercializar e disseminar o novo conhecimento, através de parques tecnológicos, incubadoras de empresas, escritórios de transferência de tecnologia, operações de capital de risco etc.
Ampliando o escopo do conceito de inovação, que não deve ser compreendida apenas como uma invenção ou o primeiro uso global de uma tecnologia inédita, e considerando que os países em desenvolvimento estão defasados na curva tecnológica na maioria dos setores, o estudo sugere que eles precisam pensar menos em inventar e mais em fazer coisas diferentes com o conhecimento e a tecnologia disponível que possam adquirir.
O relatório propõe que sejam adotadas três vertentes de inovação: a) criação e comercialização de novos conhecimentos e tecnologia; b) aquisição de conhecimento e tecnologia do exterior para uso e adaptação local; e c) disseminação e aplicação eficaz do conhecimento e da tecnologia (criada ou obtida) que já estejam disponíveis no país.
Já enveredando pelo próximo desafio - o de reinventar o anacrônico sistema educacional -, os autores são taxativos ao afirmar que a falta de capacitação básica dos trabalhadores é provavelmente o único e mais importante obstáculo ao uso de novas tecnologias e equipamentos ou ao livre fluxo de práticas inovadoras nas empresas. E concluem: as empresas brasileiras investem tempo e recursos expressivos no treinamento dos seus empregados, principalmente para suprir a falta de habilidades básicas que deveriam ter sido tratadas pela escola. Esse é o tema da terceira e última parte desse ensaio, que você vai ler no próximo domingo.


Para refletir: Quando o ritmo da mudança dentro da empresa for ultrapassado pelo ritmo da mudança fora dela, o fim está próximo. Jack Welch.
Para ler: Conhecimento e inovação para a competitividade - versão pdf gratuita aqui
Para visitar: www.iadb.org/pt/

Twitter: @jsantana61

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