domingo, 30 de setembro de 2012

Por que o Brasil cresce pouco? (III)


Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
16/09/2012

Na terceira parte dessa trilogia, que se baseia no estudo "Conhecimento e inovação para a competitividade" do Banco Mundial publicado pela CNI (versão pdf na íntegra), veremos a relação causal entre um sistema educacional anacrônico e ineficiente e as tímidas taxas de crescimento do Brasil. Antes, já vimos que nosso país não pode mais ignorar a economia do conhecimento e que precisa fazer um extenso dever de casa, que inclui um amplo conjunto de reformas (tributária, trabalhista, política etc), pesados investimentos em infraestrutura física, expressiva melhoria do ambiente de negócios e, sobretudo, reinventar o sistema educacional e encorajar a inovação no setor privado.
Ao tratar desse imenso déficit do sistema educacional brasileiro, o relatório começa por abordar o baixíssimo alcance do ensino médio profissionalizante, que sofreu com a falta de investimentos públicos nas últimas décadas, levando o Brasil a uma situação negativamente singular. Enquanto nos países ditos desenvolvidos tem-se 1 profissional de nível médio para cada 5 de nível superior, em nosso país são 2 de nível superior para cada 1 de nível médio. Felizmente o governo Lula contribuiu para corrigir esta distorção com seu corajoso programa de ampliação e interiorização das escolas técnicas federais (214 novas escolas técnicas federais que vêm se somar às 140 unidades construídas entre 1909 e 2002).
Quanto ao ensino superior, o estudo critica: o fato de nenhuma das nossas universidades encontrar-se entre as 100 melhores do mundo; a concentração da produção de pesquisas em um grupo muito pequeno de universidades públicas, e menor ainda de privadas; a elitização dos melhores cursos que se tornam acessíveis quase que exclusivamente a estudantes de renda alta; e a desconexão entre as universidades e a iniciativa privada, dois mundos que não interagem  e muito menos se fecundam mutumente.
Mas é no ensino fundamental que residem as maiores apreensões e o maior impacto negativo para a competitividade e produtividade do país, diante da assustadora deficiência da qualidade da educação oferecida por este sistema, que sequer proporciona o conhecimento mínimo de português e matemática, indispensável a uma participação produtiva em um mercado de trabalho baseado em tecnologia. Isso faz com que as empresas tenham que investir no treinamento de seus trabalhadores, em grande parte para preencher lacunas básicas em sua capacitação deixadas pelo sistema de ensino formal.
Ao analisar as causas para o desempenho insatisfatório das escolas brasileiras, o estudo toca em algumas feridas e afirma que os professores brasileiros ganham relativamente bem (56% a mais que a média nacional de salário, enquanto nos países da OCDE os professores ganham 15% menos do que a mesma média). E vai além ao revelar que a variação salarial dos professores brasileiros está estritamente ligada ao tempo de serviço, sem penalidades, nem recompensas para o seu desempenho e menos ainda para o aprendizado do aluno.
O estudo termina por concluir que o baixo nível e a limitada distribuição do ensino entre os brasileiros são dados mais esclarecedores do que o frequentemente estudado ciclo de pobreza e desigualdade. E sustenta que as qualificações básicas e avançadas constituem insumos essenciais para que a nação se beneficie da inovação e do aumento da produtividade, melhore a competitividade e acelere o crescimento econômico.


Para refletir: A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo. Nelson Mandela

Para ler: Conhecimento e inovação para a competitividade - versão pdf gratuita aqui

Twitter: @jsantana61

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