Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
16/09/2012
Na terceira parte dessa trilogia,
que se baseia no estudo "Conhecimento e inovação para a
competitividade" do Banco Mundial publicado pela CNI (versão pdf na íntegra), veremos a relação causal entre um sistema
educacional anacrônico e ineficiente e as tímidas taxas de crescimento do
Brasil. Antes, já vimos que nosso país não pode mais ignorar a economia do
conhecimento e que precisa fazer um extenso dever de casa, que inclui um amplo
conjunto de reformas (tributária, trabalhista, política etc), pesados
investimentos em infraestrutura física, expressiva melhoria do ambiente de
negócios e, sobretudo, reinventar o sistema educacional e encorajar a inovação
no setor privado.
Ao tratar desse imenso déficit do
sistema educacional brasileiro, o relatório começa por abordar o baixíssimo
alcance do ensino médio profissionalizante, que sofreu com a falta de
investimentos públicos nas últimas décadas, levando o Brasil a uma situação
negativamente singular. Enquanto nos países ditos desenvolvidos tem-se 1
profissional de nível médio para cada 5 de nível superior, em nosso país são 2
de nível superior para cada 1 de nível médio. Felizmente o governo Lula contribuiu
para corrigir esta distorção com seu corajoso programa de ampliação e
interiorização das escolas técnicas federais (214 novas escolas técnicas
federais que vêm se somar às 140 unidades construídas entre 1909 e 2002).
Quanto ao ensino superior, o
estudo critica: o fato de nenhuma das nossas universidades encontrar-se entre
as 100 melhores do mundo; a concentração da produção de pesquisas em um grupo
muito pequeno de universidades públicas, e menor ainda de privadas; a elitização
dos melhores cursos que se tornam acessíveis quase que exclusivamente a
estudantes de renda alta; e a desconexão entre as universidades e a iniciativa
privada, dois mundos que não interagem
e muito menos se fecundam mutumente.
Mas é no ensino fundamental que
residem as maiores apreensões e o maior impacto negativo para a competitividade
e produtividade do país, diante da assustadora deficiência da qualidade da
educação oferecida por este sistema, que sequer proporciona o conhecimento
mínimo de português e matemática, indispensável a uma participação produtiva em
um mercado de trabalho baseado em tecnologia. Isso faz com que as empresas
tenham que investir no treinamento de seus trabalhadores, em grande parte para
preencher lacunas básicas em sua capacitação deixadas pelo sistema de ensino
formal.
Ao analisar as causas para o
desempenho insatisfatório das escolas brasileiras, o estudo toca em algumas
feridas e afirma que os professores brasileiros ganham relativamente bem (56% a
mais que a média nacional de salário, enquanto nos países da OCDE os
professores ganham 15% menos do que a mesma média). E vai além ao revelar que a
variação salarial dos professores brasileiros está estritamente ligada ao tempo
de serviço, sem penalidades, nem recompensas para o seu desempenho e menos
ainda para o aprendizado do aluno.
O estudo termina por concluir que
o baixo nível e a limitada distribuição do ensino entre os brasileiros são
dados mais esclarecedores do que o frequentemente estudado ciclo de pobreza e
desigualdade. E sustenta que as qualificações básicas e avançadas constituem
insumos essenciais para que a nação se beneficie da inovação e do aumento da
produtividade, melhore a competitividade e acelere o crescimento econômico.
Para
refletir: A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para
mudar o mundo. Nelson Mandela
Para ler: Conhecimento e inovação para a competitividade - versão pdf gratuita aqui
Para
visitar: www.todospelaeducacao.org.br
Twitter: @jsantana61
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