domingo, 30 de setembro de 2012

Administração municipal e desenvolvimento econômico


Jornal da Cidade
Revista da Cidade
#Business
26/08/2012

O período eleitoral é momento adequado para reflexões acerca dos papéis da administração municipal, que precisa ir além daqueles que têm relação direta com a infraestrutura e os serviços urbanos. As municipalidades, por exemplo, devem ter papel de destaque na formulação e execução de uma política de desenvolvimento econômico, mas são raros os casos em que isso acontece nos municípios brasileiros.
Não é por outra razão que o abrangente documento que a centenária Associação Comercial e Empresarial de Sergipe (ACESE) elaborou e está entregando aos candidatos a prefeito de Aracaju neste pleito de 2012, destaca a necessidade de uma agenda de desenvolvimento econômico e propõe que tal seja um dos pilares da próxima administração. Ao tempo em que parabenizo os dirigentes da ACESE pelo documento, peço permissão para adotá-lo como base desta reflexão, extraindo e comentando seus principais tópicos relativos ao tema em tela.
Ao diagnosticar a ausência de uma política de desenvolvimento econômico em Aracaju, a ACESE propõe que ela venha a ser formulada de modo participativo no Conselho Municipal de Desenvolvimento Econômico, criado por lei, mas ainda inativo. Dado o perfil da economia aracajuana, onde predominam as atividades do setor terciário - tradicional em comércio, educação e saúde -, embora já despontando segmentos da economia do conhecimento, como tecnologia da informação, conclui-se que a política deverá ter largo espectro e levar em conta as respectivas agendas setoriais.
Para as empresas de serviços, o documento identifica a necessidade de desoneração tributária via redução da alíquota do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) para determinados segmentos, de 5% para 2%, a exemplo do que se pratica em muitas cidades brasileiras, sobretudo nas capitais. Dentre os setores a serem beneficiados, consta Tecnologia da Informação, cujo crescimento e capacidade de gerar empregos diferenciados começam a ser afetados pela perda de  competitividade decorrente da alíquota reduzida praticada por quase todas as capitais do país. Se tal redução não ocorrer, Aracaju verá uma fuga em massa, que aliás já começa a ocorrer, de empresas migrando para capitais vizinhas ou até para cidades do interior, como é o caso de São Cristóvão que, por sinal, acaba de aprovar uma política de incentivo fiscal para empresas de perfil inovador.
As propostas da ACESE também alcançam o turismo, indicando que seja elaborada uma política para o setor, com a reativação do Conselho Municipal de Turismo e dando a devida  ênfase ao turismo de eventos. A necessidade de criação de um órgão municipal de meio ambiente também é oportunamente apontada pela ACESE em seu documento.
O fato é que as administrações municipais precisam subir um degrau e assumir o seu papel de agentes do desenvolvimento econômico,  buscando a necessária intimidade com práticas como o uso do poder de compra, a organização de arranjos produtivos locais, a capacitação de mão de obra, o incentivo a setores dinâmicos da economia, o apoio às micro e pequenas empresas, dentre muitas outras. Nunca é demais lembrar que um dos principais produtos do desenvolvimento econômico é o emprego que, por sua vez, é o melhor antídoto para neutralizar a miséria.


Para refletir: É preciso dizer a verdade apenas a quem está disposto a ouvi-la. Sêneca.
Para ler: Desenvolvimento Local e o Papel das Pequenas e Médias Empresas - Dante Pinheiro Martinelli 
Para visitar: www.bndes.gov.br

Twitter: @jsantana61

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