(artigo publicado em fev/2011)
O debate sobre o uso do software livre tem sido recorrente há anos, contrapondo uma legião de admiradores com outra de detratores. Muitas vezes a discussão envereda para o viés ideológico e toma feição maniqueísta, sobretudo quando governos federais (como o do Brasil) e estaduais decretam a adoção preferencial de software livre nas compras de produtos e serviços de Tecnologia da Informação.
Mas o que é mesmo software livre? Segundo a definição criada pela Free Software Foundation é qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado e redistribuído sem restrições. O conceito de livre se opõe ao conceito de software proprietário, mas não ao de software comercial que é vendido almejando lucro. A maneira usual de distribuição de software livre é anexar a este uma licença especial e tornar o código fonte do programa disponível.
Sou adepto do seu uso, principalmente em ambientes corporativos como sistemas operacionais, servidores de aplicações e gerenciadores de bancos de dados, sei bem dos ganhos e das vantagens do software livre e encontrei no artigo "E se todos usássemos Linux em vez de Windows" de Katherine Noyes, publicado em dezembro último na PC World, uma síntese perfeita desses aspectos, especificamente relativos a Linux mas extensíveis a todos os demais, guardadas as devidas proporções.
Feita a citação, reproduzo-os a seguir:
"Malware e Vírus
Certamente, o maio efeito da popularização do Linux seria o desaparecimento da monocultura de plataformas, dominada pelo Windows. Em vez disso, teríamos diversas distribuições sendo adotadas por uma quantidade razoável de usuários, o que dificultaria a vida dos criadores de malwares e vírus. Eles não poderiam mais concentrar seus esforços em único um único alvo – o Windows – pois teriam vários modelos a atingir. Tarefa difícil: é como acertar dezenas de pássaros com uma pedra só.
A indústria de segurança digital
Sim, é uma boa ideia usar antivírus mesmo ao usar o Linux, a fim de melhorar sua segurança. E se ele se tornasse o sistema mais adotado no mundo, essa proteção se tornaria ainda mais recomendável. Mas, considerando as vantagens que um software open source tem nesse quesito, a indústria de segurança digital deixaria de ter tamanha proporção. Por ser de código aberto, o Linux permite a seus inúmeros usuários identificar e corrigir, de forma providencial, possíveis falhas. A espera pelo "Patch Tuesday" ou por atualizações críticas seriam algo distante e esquisito.
Imprevistos
Devido a seus problemas de segurança, ou mesmo lentidão em certas tarefas, o Windows costuma ser visto, digamos, como um sistema temperamental. O Linux, por sua vez, tem como principal virtude a estabilidade. Empresas e usuários finais deixariam de perder minutos preciosos e perceberiam um valioso acréscimo na produtividade. Milhões de pessoas trabalhando mais e melhor do que antes; não seria de se impressionar se mesmo o PIB de todo um país crescesse.
Economia
Quando as empresas e os usuários pararem de pagar valores exorbitantes por licenças de softwares, eles se conscientizarão do montante economizado, que poderá ser gasto com outras coisas. Imagine o que poderia ser adquirido com centenas de dólares que seriam poupados de cada computador adquirido. Sem contar que tais máquinas teriam uma vida útil maior, já que não teriam que ser trocadas devido às ambiciosas exigências de hardware que o Windows faz a cada nova versão.
Melhor software
Finalmente, se todos usassem Linux, o software ficaria cada vez melhor, já que, quanto mais pessoas servindo-se dele como sistema operacional principal, mais contribuições e sugestões para aprimorá-lo. É o oposto de companhias como Microsoft e Apple, que tentam adivinhar o que os usuários querem e às vezes acertam, mas muitas outras vezes, não. Não seria mais proveitoso se os próprios clientes pedissem novos recursos e, quem sabe, até ajudassem a desenvolvê-los?
Antes de terminar, quero deixar claro que não considero o Linux perfeito; nenhum sistema operacional o é. Mas, dado os problemas que o Windows acarreta, penso que o mundo seria muito diferente sem ele. Pode até ser um pensamento ousado, mas acredito que, se em vez do SO da Microsoft tivéssemos o Linux como a plataforma mais popular, o universo da tecnologia seria muito diferente do que é hoje; para melhor".
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